Resenhas do Grupo 3 - Política/ Distopia


A Seleção – Kiera Cass
Eva Pereira Meneses  


                A Seleção foi um livro indicado pelo clube do Livro que me surpreendeu bastante, por meus julgamentos precipitados tratava-se apenas de mais um livro de romance. Mas, após ter lido percebi que ele ia muito mais além disso, pois nele não há só a marca do amor, há também o humor e a tragédia, este último causado pelas diferenças sociais e políticas.
                Conta-se a história de uma garota (América) que vivia numa sociedade dividida por castas, esta mesma pertencia à casta 5, que em questões econômicas estava na média. Mas, para a infelicidade de sua mãe, ela era apaixonada e mantinha um relacionamento em segredo com um garoto da casta 6, pois tinha consciência de que sua mãe iria se opor ao relacionamento.
                Ela vivia com seus pais e mais dois irmãos. O mais novo tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas infelizmente sua casta e as leis só o permitia que fosse artista. Até que ela fosse convencida pela sua mãe e por seu amor a se escrever na Seleção na qual ela teria que competir com mais 35 garotas pelo príncipe.
 E para a surpresa dele ela foi selecionada. Lá ela conheceu garotas acima de sua casta e algumas vezes teve que lidar com comentários inconvenientes por conta disso. E também se aproximou bastante do príncipe deixando seus sentimentos confusos.




1822 – Laurentino Gomes
Francisco Nunes dos Santos Junior


Este livro de Laurentino Gomes conta a história da Independência do Brasil de uma forma mais leve, descontraída e menos formal em detalhes de vários eventos e acontecimentos sem o tradicionalismo e a maneira arcaica e antiga que frequentemente lemos nos livros didáticos de Historia do Brasil.
Em todos os capítulos do livro, ao lermos, encontramos uma linguagem atual e divertida que nos prende e nos leva a compreender de forma mais simples, gostosa e prazerosa como aconteceu a Independência do Brasil.
No livro encontramos vários personagens que de alguma forma contribuíram para a ocorrência da Proclamação da Republica, entre eles D. Pedro I o primeiro Imperador do Brasil e o principal responsável pela Independência; José Bonifácio o tutor e conselheiro sábio de D. Pedro I; a primeira esposa de D. Pedro I, Maria Leopoldina; a princesa triste, Domitila de Castro; a mais famosa amante de D. Pedro I, entre outros.
Durante os capítulos vemos os acontecimentos de antes, durante e depois do ato do Grito da Independência. Um fato muito cômico foi o de D. Pedro I ter tido uma dor de barriga quando seguia no trajeto rumo ao local onde ocorreu o grito.
Outro fato bem diferente do que os livros didáticos costumam informar é o de que a Proclamação da Republica ocorreu sem brigas e nem revoltas, no entanto o livro 1822 afirma que em algumas províncias do Brasil ocorrem revoltas contra a Independência causadas por portugueses inconformados com o fim da dependência do país a Portugal, inclusive uma delas foi narrada no livro: a batalha do Jenipapo ocorrida em Campo Maior, no Piauí, considerado o mais trágico confronto na conquista da Independência.
O livro também analisa e descreve que um País que tinha tudo pra dá errado tendo razões de sobra pra não se tornar independente e acabou se tornando livre do domínio de Portugal e dando certo.


1984 – George Orwell

Renato de Sousa Santos


Quando o assunto é a relação entre política e distopia, 1984 é o primeiro grande clássico que vem a mente e, por isso, não poderia deixar de estar presente nas discussões do grupo. Primeiro porque é atemporal – em qualquer período que seja lido, estabelecerá uma relação entre o momento presente e um futuro caótico próximo - e posteriormente porque apresenta todos os aspectos de um sistema político autoritário a ponto de se configurar como distópico.
A escrita fluida (e ácida) de Orwell nesse clássico põe em evidência o valor da liberdade e de como ela é um direito básico frágil. Em uma sociedade corrompida e manipulada por um sistema, personificado aqui por um Grande Irmão (ou Big Brother), as pessoas vivem uma vida de alienação pela tecnologia, informações impostas e repressão de sentimentos.
Aparentemente é apenas uma ficção com traços de realidade, mas o livro também é um estudo da ciência política da década de 40 – e isso fica evidente com as críticas do autor ao regime socialista de Stálin e análise deste na lida com questões como liberdade, medo, rivalidade entre nações, domínio do pensamento e controle de ideologias – bem como uma análise do poder político sobre a população, com frases significativas, como “quem controla o passado controla o presente” e “guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força”.
1984 narra a história de Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade e que possui uma função de reescritor do passado, alterando informações, previsões não cumpridas, metas de governo não alcançadas e até omitindo registros de pessoas mortas por confrontar o sistema. Como um padrão das distopias, Smith passa a questionar o contexto ao qual está inserido e beira o colapso, “uma vez que uma árvore é cortada e transforma-se numa canoa, nunca mais uma canoa volta a ser árvore”.
O cenário em que o protagonista vivia era o de uma divisão territorial estabelecida em três continentes: Oceania, Eurásia e Lestásia. Toda a história se passa na Oceania (onde as pessoas não podem ter sentimentos, desejos sexuais, nem tampouco opinião) e em todos os estabelecimentos públicos e privados havia teletelas, televisores que transmitem informações do Partido o dia inteiro, monitoram todos e não podem ser desligados.
Outros conceitos apresentados são novilíngua e duplipensar. O novo vocabulário a cada edição do dicionário da novilíngua vinha mais curto e complexo. Uma mesma palavra poderia ser usada para expressar diversas idéias paradoxais, no chamado duplipensar. A luz e a treva estavam dentro da mesma palavra, tudo dependia do contexto. A interpretação dúbia serviria para confundir o ser humano, desacostumá-lo a pensar e tentar ser coerente. O Ministério do Amor, por exemplo, era o prédio onde as pessoas eram torturadas. O Ministério da Paz era responsável pela guerra. 
A reflexão que fica é a de que a supressão da liberdade é um caminho fértil para a alienação das massas, alvo de sistemas políticos e governantes sem compromisso social. Orwell, inclusive, conclui em 1984 que deter informação é deter poder.
O livro é uma grande crítica, uma grande análise vinda de um pensador inconformado com os sistemas, tanto capitalista quanto socialista. O romance faz com que pensemos na dialética do poder e da manipulação de informações, do controle massificado. Realidade, liberdade e medo. Um romance que deveria ser lido por todos, em nome da expansão dos limites críticos e de pensamento, estudado e interpretado para que tais questões não passem despercebidas no novo século.




A Revolução dos Bichos – George Orwell
Uesllei Sousa Reis


A escolha do livro foi aleatória dentro do contexto apresentado pelos orientadores do clube. A história narrada pelo autor George Orwell envolve um contexto fictício de uma fazenda dominada pelo homem opressor e que os bichos se organizam com o intuito de mudar aquela realidade, daí surge a Revolução dos Bichos.
Ao iniciar a leitura nos deparamos com a reunião dos bichos no celeiro, onde o Major, um porco já em idade avançada, descreve um sonho em que os bichos seriam ricos e livres. No seu discurso deixa claro que o culpado de todo o seu sofrimento era o homem.
Diante da opressão sofrida a revolução dos bichos então acontece, depois de uma luta sangrenta, os porcos assumem o papel de protagonismo, de início reuniões periódicas são realizadas para que as decisões sejam tomadas por meio de votação, com destaque para os porcos Napoleão e Bola-de-Neve, considerados lideres da revolução.
A fazenda começa a desenvolver atividades organizadas e os animais reconhecem que houve melhoras em relação ao tempo que eram dominados pelo homem. Logo os porcos que já tinham um status dentro da revolução brigam entre si e Napoleão se torna o líder. Daí em diante, várias transformações acontecem e fica claro com a célebre frase “todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros” que a revolução deu lugar a uma ditadura.
Fica evidente com a leitura que o texto narra a revolução do proletariado - a Revolução Russa de 1917 - apresentando alguns de seus principais atores: Stalin, Trotsky e o povo. E como no decorrer da história o povo foi manipulado e forçado a creditar que tudo que era feito, até mesmo os atos violentos, tinha como objetivo o bem comum de todos, ou seja, estão subjugados. Dentro do contexto organizacional a “Revolução dos Bichos” apresenta uma hierarquia, onde os porcos ocupam os cargos mais importantes e os demais ficam com o trabalho pesado, caso de Sansão, que representa a grande massa trabalhadora da Rússia.
Outro ponto de destaque é que no livro não temos nenhum ponto que nos ligue a referências a Lenin, fato que causou estranheza até a leitura dos comentários do autor, ele deixa claro que era socialista e Lenin é uma referência, um líder.
O livro é muito interessante e em muitos pontos contemporâneo dos momentos que vivemos na sociedade global e brasileira. É de suma importância sua leitura e o debate para que possamos entender os perigos que margeiam os processos de ruptura em especial quando tratamos de democracias como a nossa.

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