RESENHAS DO GRUPO CONTOS

 




Conto: O Afogado

 Autor: Rubem Fonseca 

Leitor: Marcos Mariano


 O conto de Rubem Fonseca, “O Afogado”, começa nos transportando para um lugar de tensão. As primeiras frases são: “Não, não dá pé”, em uma referência à sensação de nadar e não sentir os pés no fundo do mar. A narrativa é uma imersão capaz de transmitir ao leitor o nervosismo e a luta da personagem ao se dar conta que pode perder a própria vida se não manter o fôlego e a resistência do corpo acima da superfície do oceano. As ondas e a correnteza o puxam para o fundo, mas a personagem tenta de quase todas as maneiras reagir, boiar o corpo, não ser jogado contra as pedras e conseguir passar por uma onda pulando ou mergulhando. 

A cena narrada por Rubem Fonseca me fez refletir sobre as intempéries da vida e sobre a forma como lidamos com as mudanças, com os altos e baixos, com as angústias, a depressão e o orgulho. A personagem do conto em um momento tenta gritar por socorro, mas ao perceber o som de desespero e vulnerabilidade saindo de sua boca, resolve se calar. Em sua visão, seria mais honroso deixar-se morrer em silêncio do que clamar por ajuda. Quantas vidas de amigos ou conhecidos já vimos ir embora sem aviso ou pedido de socorro? 

Os contos têm por natureza uma característica específica, como dizia Ernest Hemingway, os contos dizem muito com muito pouco, e o que dizem em demasia está submerso, é como um iceberg. Uma leitura superficial do conto “O afogado” poderia descrever apenas uma quase narrativa de uma tragédia — uma vez que a personagem se salva do afogamento ao final — como acontece talvez diariamente nas praias brasileiras, mas será que é só isso mesmo? Será que o fato do narrador contar a sua história de tensão e descrever tão bem seus pensamentos e ações não possa nos ensinar sobre a condição humana? 

Creio que o papel da literatura também é nos fazer refletir sobre a nossa própria experiência de mundo como sujeitos. Quantas pessoas morrem afogadas em seus próprios pensamentos? Quantos mães sentem suas lágrimas se transformarem em mar revolto ao ver seus filhos saírem para navegar e nunca mais retornarem para casa? 

A literatura compartilha uma particularidade com o oceano: a imensidão de significados.




Conto: NÃO ABRA A PORTA

Autor: JOSÉ JÚNIOR

Leitora: AURILENE ARAÚJO



O conto traz uma história baseada num folclore piauiense. Nele, dois irmãos moram só com sua mãe que trabalha a noite e, antes de sair de casa, ela lhes orienta a não abrir a porta e nem as janelas ao anoitece sob hipótese alguma.

Apenas o mais novo dá ouvidos à mãe. O irmão mais velho recebe um amigo que não sabia das orientações. Reclamando-se do calor, esse amigo resolve abrir a janela do quarto. Antes disso, alguém bate na porta. O irmão mais novo ouve quieto. A coisa insiste na batida. O pequeno continua em total silêncio em obediência ao que disse a sua mãe. O irmão mais velho aparece impaciente e lhe pergunta se ele não ouve as batidas na porta. Tarde de mais. A coisa sai da porta e entra pela janela aberta. Devora o amigo. Depois, faz o mesmo com o irmão mais velho. O único que escapa é o menino mais novo porque foi o único que obedeceu às ordens da mãe.

Esse livro nos leva a refletir sobre o poder da obediência aos conselhos/orientações recebidos e o bicho pode ser entendido como a sociedade em que a pessoa será inserida, onde os despreparados são engolidos por ela.




Livro: A Casa Assombrada e Outras Histórias de Horror – Edith Nesbit

Fascínio em Cada Página

Por: Eyshila Laís


A coletânea de contos contida neste livro surpreende por seu enredo bem construído e por seus finais inéditos, que vão muito além de todas as expectativas criadas durante a leitura. Os personagens são cativantes e singulares, e os cenários descritos com perfeição, transportando-nos para dentro da história.

Cada um desses contos me trouxe uma sensação diferente, e se fosse resumir a uma palavra, decerto seria “fascínio”. Adorei cada uma dessas histórias, que definitivamente não deixaram nada a desejar.

Em síntese, pode-se dizer que este foi um dos livros mais incríveis que já li. Possui uma escrita leve e fluida, e é um livro pelo qual eu daria tudo para lê-lo novamente, como se fosse ainda a primeira vez.




Leitora: Laisa Leão

Livro: Antes do Baile Verde - Lygia Fagundes Telles



Escolhi o livro Antes do Baile Verde de Lygia Fagundes Telles porque tenho uma profunda apreciação pela autora e sua habilidade única de explorar a complexidade das relações humanas. A forma como ela retrata os personagens e suas emoções é o que mais me cativa a cada leitura.

Antes do Baile Verde é uma coletânea de contos que destaca a maneira única de Lygia Fagundes Telles em retratar a complexidade das emoções humanas. Os personagens, muitas vezes solitários, enfrentam problemas que revelam suas fragilidades e receios. Os contos apresentam temas como amor, perda e a busca por significado, misturando o cotidiano com elementos surreais. A obra leva o leitor a refletir sobre a condição humana e a beleza de momentos únicos.

A leitura deste livro me provocou um mar de sentimentos, começando pela reflexão, à medida que os contos muitas vezes me fizeram pensar sobre minhas próprias vivências. Muitas vezes durante a leitura, acabamos nos conectando com os personagens, cujas emoções ressoam em nós, gerando um sentimento de melancolia diante de sua tristeza.

O livro apresenta histórias curtas que, apesar de independentes, compartilham temas comuns e exploram a complexidade das emoções humanas, o que o faz se encaixar no gênero contos. Uma lição final que se pode extrair da leitura é a importância de reconhecer e abraçar as situações da vida, mesmo as mais desafiadoras. A obra nos lembra que cada experiência, por mais dolorosa que seja, contribui para nossa compreensão do mundo e de nós mesmos.

Não poderia encerrar a conclusão que tive em relação á obra antes de dar um destaque ao conto principal da coletânea de Lygia, Antes do Baile Verde. O conto é uma profunda reflexão sobre a efemeridade da vida e a incerteza em relação á uma decisão crucial e as consequências que vêm consigo. A protagonista, ao se preparar para um baile, é tomada por uma série de pensamentos sobre sua existência, suas relações e a inevitabilidade da morte. O ar melancólico e a importância do baile, que representa tanto a celebração quanto a fragilidade, criam um contraste significativo. Através deste conto, Lygia Fagundes Telles nos convida a considerar como momentos de alegria e tristeza estão interligados, lembrando-nos que a beleza da vida muitas vezes está nas pequenas fragilidades e nas escolhas que fazemos

Recomendaria este livro a outras pessoas por sua profundidade emocional e a habilidade da autora em tocar em tais temas de forma tão sensível. É uma leitura que instiga a reflexão e proporciona um entendimento mais profundo das relações humanas, principalmente as familiares. Vale a pena ler esta obra pela beleza da escrita de Lygia e pela riqueza das histórias, que deixam uma marca permanente no leitor e despertam o desejo de reler seus contos sempre que precisamos de inspiração ou consolo.




Livro: FELICIDADE CLANDESTINA

Autor: Clarice Lispector

Leitora: Maria Eduarda


O livro fala de uma jovem leitora que adorava ler, porém não tinha dinheiro suficiente para alimentar seu tão amado vício, livros. No bairro onde morava havia uma menina que era filha do dono de uma livraria, mas essa tal menina não gostava muito de emprestar os seus livros.

Certa vez a filha do dono da livraria ofereceu a jovem leitora um certo livro, que muito desconfiada aceitou, já que era o livro dos sonhos. A jovem leitora foi muito eufórica pegar o tal livro mas a menina sempre mandava vir buscar no outro dia, e assim foi por semanas. 

Até que Certa vez ela foi, já sem esperanças, e quem a atendeu foi a mãe da menina, que quis saber da história e ficou completamente chateada com a atitude da filha que a fez emprestar o livro e falou que a menina poderia ficar com o livro por quanto tempo quisesse, o que há deixou muito feliz.

E assim a jovem leitora Sentiu-se muito feliz, e relata sentir sensação de vingança na qual foi muito prazerosa.


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