Resenhas do Grupo Distopia
Livro: 1984, George Orwell
Joelyne Alves de Oliveira
1984 é um livro perturbador. É uma das obras mais angustiantes que já li.
Não somente por toda a narrativa distópica com os cenários sufocantes, mas por
sua grande proximidade com a realidade.
Em 1984, todos vivem sob o olhar e controle do "Grande Irmão".
Não há liberdade de pensamento. Não há acesso à literatura. Todos falam uma só
língua (novilíngua). Não há individualidade. Nesse contexto de autoritarismo,
há o ódio contra o inimigo imaginário Emanuel Goldstein. Ele representa uma
ameaça de uma força reacionária, que em algum momento poderá atrapalhar a
“harmonia” e a “liberdade” construídas. Para ele, todos os dias, são destinados
os “minutos do ódio”.
A estrutura social é dividida em diferentes classes: há o partido
interno, uma minoria, constituída por parlamentares; um partido externo - do
qual o protagonista Winston Smith faz parte, e os proletários, que não possuem
participação política e vivem em uma alienação da realidade.
Um dos grandes responsáveis por essa alienação é o ministério da verdade,
cuja principal função é, ironicamente, disseminar mentiras. Ocultar o passado
de antes da revolução. Evitar que a população tenha acesso à realidade fora
dessa bolha. Tenha acesso à literatura. Há, também, uma inversão dos fatos.
Nessa realidade, a soma de dois mais
dois, obrigatoriamente, é cinco. E, caso alguém pensasse em questionar, cometia
o delito do “pensamento crime”.
Semelhante ao mito da caverna, em que os prisioneiros da caverna são
mantidos na ignorância, a população de 1984 é mantida na escuridão sobre a
verdadeira realidade do mundo. A fuga dessa prisão, em ambos os contextos, é o
conhecimento. A consciência de estar vivendo uma falsa sensação de liberdade,
pois o conhecimento é a chave para a verdadeira liberdade. E só acessamos o
conhecimento quando observamos o mundo ao nosso redor e temos a possibilidade
de questionar o porquê das coisas serem como são. Em 1984, não há essa
possibilidade.
O governo exerce o controle do conhecimento através da manipulação dos
fatos históricos e da alteração na linguagem, a fim de limitar o pensamento
crítico da população. Winston Smith, entretanto, se rebela contra o governo
totalitário e busca conhecer a liberdade e a verdade oculta - e sofre as
consequências dessa busca.
Nos dias atuais, a realidade distópica de 1984 torna-se cada vez mais
próxima, palpável e visível. Nossas mentes não estão inertes a uma realidade
paralela, mas a tecnologia já realiza, plenamente, o seu domínio. Nossos corpos
não estão sob o domínio de um governo totalitário, mas estão acorrentados a
milhares de estímulos visuais e sensoriais. Já somos dominados por várias
prisões. Nossos cérebros já estão alienados. A censura já é real. Mas são
poucos os que conseguem enxergar a prisão e questionar os padrões já
normalizados e estabelecidos.
Eu indico esse livro pois, apesar de todos os sentimentos de angústia experimentados durante a leitura, ele nos permite enxergar, com mais profundidade, a realidade presente, a história passada e o futuro para onde estamos caminhando.
"Quem controla o passado controla o futuro. Quem
controla o presente controla o passado."
George Orwell - 1984
José Júnior
V de Vingança – Alan Moore e David Lloyd
V de Vingança é uma graphic novel distópica que retrata uma
Londres tomada por um governo totalitário onde as pessoas são vigiadas a todo
momento. A arte foi banida, quadros, livros, músicas… as únicas músicas que
passam no rádio são marchas militares (semelhante a outras distopias como jogos
vorazes, 1984, fahrenheit…).
Interessante a forma que os aliados do governo, e que
trabalham para o poder do Estado, são nomeados, como os dedos (que ficam nas
ruas dando porrada na galera), os ouvidos (que ficam escutando tudo de todo
mundo, inclusive dos padres nas igrejas), o olho, que vigia tudo e todos com
câmeras por todos os lados, e a boca (que era a voz que dava as notícias e
mentia, “tranquilizando” a população quando uma bomba explodia e coisas do
tipo), tudo controlado por líder supremo que não aparecia, mas que todos respeitavam
e temiam.
Personagens bem reais, intrigas, trapaças e traições, também
tem tiro, porrada e muita bomba. É uma história bem intensa, com passagens
tensas e bastante semelhantes com fatos da realidade. A população já havia
aceitado a vigilância constante e a falta de liberdade, mas V vem para tentar
mudar isso de forma contundente.
Esta é uma HQ que, diferente de algumas histórias de
distopia que eu já li anteriormente, inicia mostrando a luta pela mudança, a
vingança por atos extremamente cruéis do passado. Parece que a revolução começa
com uma pessoa só, na verdade um ideal, já que V se coloca não como uma pessoa
de carne e osso, mas como um ideal de revolução, e ideais são à prova de balas.
Esta é uma das muitas fortes mensagens que podemos retirar da história.
O
TORDO!!!!
Núbia
da Silva de Macedo
Jogos
Vorazes – Suzanne Collins
A
maneira como Suzanne Collins construiu esse mundo
distópico é simplesmente arrebatadora. É como se eu estivesse olhando para um
espelho distorcido da nossa própria sociedade, e a imagem que vejo é
perturbadora.
A
forma como a Capital oprime os distritos, mantendo-os sob controle através dos
Jogos Vorazes, é um retrato assustador de como o poder pode ser usado para
subjugar e manipular as pessoas. Katniss, Peeta e todos os outros tributos são
como peões em um jogo cruel, enquanto os habitantes da Capital assistem a tudo
como se fosse apenas entretenimento.
Achei
especialmente poderoso como Collins abordou temas como desigualdade, exploração
e resistência. É difícil não fazer paralelos com nossa própria realidade, onde
vemos sistemas políticos e sociais que favorecem alguns em detrimento de
muitos. Os Jogos Vorazes podem ser uma fantasia distópica, mas a mensagem
subjacente sobre a importância da luta contra a opressão e a injustiça é
profundamente relevante.
Katniss
é uma heroína incrível, não apenas por sua habilidade de sobrevivência na
arena, mas também por sua coragem em desafiar a autoridade da Capital e lutar
pelos seus ideais. Ela nos lembra que, mesmo em face da adversidade mais
extrema, ainda podemos encontrar esperança e resistir ao sistema.
Este
livro me fez repensar muitas coisas sobre nossa sociedade e sobre o que
realmente significa lutar por justiça e igualdade. É uma leitura poderosa e
provocativa que certamente ficará comigo por um bom tempo.
LIVRO: Pedestres
AUTOR: José Júnior
LEITORA: Aurilene Araújo da Costa
O autor
começa falando mal de sua vizinha por ter dado uma festa para comemorar a volta
da internet e o som dela lhe incomodou. Narra o fato deles terem ficado um dia
inteiro sem internet e ela ter enlouquecido com isso, inclusive, com o fato
dele lhe ter sugerido algumas coisas "reais" que poderiam ser feitas
para passar o tempo de maneira mais útil.
Depois, prossegue narrando um caos que se instalara como se apenas ele tivesse
percebendo.
O livro é uma espécie de diário onde os nomes das pessoas são falsos por uma
questão de segurança. Nele, o autor traz reflexões sobre o comportamento
egoísta e aproveitador da sociedade em meio a escassez e caos.
Ele também retrata o fanatismo religioso e a deturpação das Escrituras Sagradas
diante desse tipo de situação, justificando, inclusive, a queima de pessoas
"desobedientes" como um sinal de purificação.
Ao final, o autor traz reflexões sobre quando a sociedade perde o controle
sobre si, também perderá sobre as coisas e situações, e que sem empatia, com
fanatismo religioso, ela se divide e se dissolve a ponto de perder a noção
sobre o que é certo ou errado, desconhecendo, inclusive, seus pares.
Pedro Ykaro
Ruído Branco - Don DeLillo
O ruído branco foi
uma indicação que recebi do mediador José Júnior, que me falou um pouco sobre o
livro e sua relação com o gênero de distopia, achei interessante a temática um
pouco filosófica e cotidiana, então decidi iniciar a leitura.
O livro se
desenvolve em um formato de crônica, onde acompanhamos o dia a dia de Jack
Gladney, seu relacionamento com sua família e inesperados acontecimentos,
narrados em primeira pessoa o que nos faz com o decorrer da leitura conhecer
cada vez mais sua personalidade peculiar e seus mais íntimos pensamentos e
questionamentos acerca da sociedade e da morte.
Durante a
leitura, um ponto que me despertou a atenção foi uma pequena sensação de
melancolia que senti diante de alguns acontecimentos, acredito que pela
presença dos mais pequenos detalhes da vida de Jack, consegui me ver diante de
algumas situações inusitadas e banais descritas por ele, desde não saber que
decisão tomar para um problema aparentemente “simples”, como por exemplo, “o
que fazer quando uma criança chora?” parece algo estupidamente fácil de
resolver, mas e se ela chorar sucessivamente por 7 horas seguidas? Pois é, Jack
sempre possuía um olhar diferente diante desse tipo de situação.
O ambiente em que se passa a história
parece sempre possuir um tipo de tensão no ar, os diálogos por mais simples e
corriqueiros que sejam parecem tentar transmitir alguma mensagem, muitas das
vezes sobre aspectos dessa sociedade, o que lhe torna um livro distópico.
É um ótimo livro pra quem busca algo
diferente do habitual, pode as vezes nos trazer uma sensação de confusão entre
ocorridos por nunca saber o que há por vir, mas não deixando de ser um livro de
fácil entendimento, achei uma leitura interessante.
Francisca Gabriela Benavenuta da Silva
Rodrigues
Fahrenheit 451 – Ray Bradbury
O livro se passa no futuro onde o
uso de livros é extremamente proibido e para ter esse seguimento da Lei temos
os bombeiros, que ao invés de apagarem o fogo nas casas eles que causam o
incêndio.
Montag é um bombeiro comum e
conhece Clarisse, uma menina muito curiosa e divertida. Assim, ela começa a
mostrar um mundo diferente do que ele estava acostumado, ele começa a se
questionar das coisas e criar uma racionalidade que não lhe era proporcionada
por causa do trabalho.
Essa felicidade dura pouco, pois
Clarrise some de repente e ele tenta procurar a garota sem sucesso, descobrindo
que ela tinha morrido. Agora, mais do que nunca, sua racionalidade e sua
percepção de algo faltando continuava. Então ele se lembra de um ex-professor
de inglês, procura por ele e, com muita luta, o convence a ajudá-lo.
O final deixarei para quem quiser
ler.
O livro é muito bom sua trama deixa
o leitor bem animado por mais.
Ele mostra uma política onde a meta
é deixar as pessoas alienadas, onde elas não teriam suas próprias escolhas e
pensamentos críticos, formando apenas mercadorias de trabalho, na qual seu
único objetivo é o ganho de dinheiro para alimentar suas dopaminas através de vídeos
ou o consumo exagerado de produtos inúteis.
Carlos
Roberto
“1984 – George Orwell”
Bem, para falar a verdade nunca li nenhum livro de distopia até agora, escolhi este tema pois acreditei que fosse gostar do livro e da sua história.
o livro é categorizado como um romance distópico, onde conta a história de Winston, um funcionário do ministério da verdade. Seu trabalho é apagar, revisar e editar documentos e registros antigos, para que os mesmos estejam de acordo com o que o “governo” esteja anunciando no momento.
A sociedade retratada é constantemente vigiada pelas teletelas (placas metálicas oblongas). Era por elas que o governo do grande irmão (big brother) divulgava para a população propagandas políticas, datas importantes, atividades governamentais, músicas, dentre outras informações.
O cenário em
que o livro retrata me remete ao de alguns filmes que já tinha visto. Com
construções precárias, populações controladas por um governo rígido e etc.
o sentimento que senti no decorrer da minha leitura acredito que seria uma mistura de choque com uma certa tristeza, talvez. Em certas partes do livro em que o personagem principal se recorda de pequenos trechos de como era sua vida antes da nova forma de governo ter sido instalada no mundo, Winston se lembra da morte de sua mãe e sua irmãzinha. Uma cena estranhamente triste.
Como
conclusão, gostei da minha leitura e recomendo o mesmo para outros leitores.
Akira – Volume 2 –
Katsuhiro Otomo
O motivo da minha
escolha foi devido a indicação do mediador do projeto que ao abordar um pouco
sobre o gênero distopia acabou me influenciando a escolher essa obra, além de
ser um estilo de escrita que eu já tenho bastante interesse.
No segundo volume de
Akira, somos imersos no mundo distópico de Neo-Tokyo, onde as consequências dos
eventos do passado continuam a moldar o destino da humanidade.
Katsuhiro Otomo nos
leva mais fundo neste universo sombrío, onde os poderes psíquicos de Tetsuo
continuam a crescer, desencadeando uma nova onda de caos e destruição. Enquanto
isso, Kaneda e seus aliados lutam para entender e controlar as forças que ameaçam
consumir a cidade.
Mas além da
adrenalina, o segundo volume de Akira nos presenteia com uma reflexão mais
profunda sobre os temas introduzidos anteriormente. Questões de poder, controle
e responsabilidade moral permeiam a narrativa, deixando os leitores
questionando suas próprias crenças e valores, além de abordar várias questões
como o perigo do poder descontrolado, as consequências das escolhas
individuais, a fragilidade da ordem social.
Uma grande lição que
se pode tirar do segundo volume de Akira é que ao longo
da história, vemos como as escolhas individuais das personagens moldam o curso
dos eventos e afetam não apenas suas próprias vidas, mas também o mundo ao seu
redor. Isso destaca a importância de pensar cuidadosamente antes de agir e
considerar as repercussões de nossas decisões.
Em última análise, o segundo volume de Akira é uma sequência que
eleva ainda mais a saga a patamares grandiosos. Com sua mistura de
ação e uma grande crítica social por trás da história, este é um livro que vai
deixar os leitores ansiosos e reflexivos a cada página. No geral,
"Akira" é uma obra que oferece muitas lições valiosas sobre poder,
amizade, responsabilidade e as complexidades da condição humana. Cada leitor
pode tirar suas próprias conclusões e encontrar significados pessoais na
história e nos personagens, ou até mesmo através de uma releitura.
Wendel
Vinicius
A Longa Marcha – Stephen King
A escolha do livro em si foi totalmente
inspirada pela admiração que o professor mostrava sobre as obras de Stephen
King, pude observar que o tema e o enredo se encaixam perfeitamente ao tema, já
que apresenta características de obras distópicas como a manipulação da mídia e
o controle das massas, questões mostradas a todo momento.
O livro conta a história de participantes
ingressando em uma espécie de maratona, a tal “grande marcha “, na qual o
objetivo era caminhar numa velocidade constante de 6,4 km/h pelo máximo de
tempo possível, aqueles que não conseguiam manter o ritmo e baixavam sua
velocidade por três vezes recebiam o seu “ Bilhete Azul “, ou seja, a morte. O
personagem principal, Ray Garraty , aparenta ser alguém que se preocupa com sua
família, sua empatia o faz conseguir muitos amigos na caminhada, o que pode ou
não deixá-la muito mais difícil.
No começo do livro houve o primeiro “bilhete
azul “, esse momento me impactou por completo já que de certa forma eu não
tinha conhecimento do que acontecia quando alguém o recebia, além de que as
pessoas que assistiam a marcha aplaudiam como se fosse algo comum de se ver ali
naquela realidade, ao longo da marcha vemos muitos personagens se destruindo ao
longo do caminho, vemos a liberdade que alguém próximo da morte tem ali naquela
situação.
Para mim, foi uma leitura que valeu a pena,
vários aspectos me fizeram achar o livro uma obra que todos deveriam ler uma
vez na vida, Stephen King conseguiu trazer o desespero das pessoas, mas também
a felicidade e o alívio, a liberdade, e muitos outros sentimentos, todos sendo
representados no livro com maestria. A lição final do livro pra mim é que
independente do ganho, não dê sua vida por algo semelhante a este jogo, já que
sem vida não poderá aproveitar o tal “algo “.
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