Resenha do livro Metamorfose
Nome: Roberta Kellen Borges de Oliveira
Grupo 1: Romance,poemas e poesias.
Livro: Metamorfose
Escritor: Franz Kafka
A escolha do livro Metamorfose deve-se ao
fato de ter lido por acaso algumas informações sobre esse livro, o que me
motivou a sua leitura, principalmente pela curiosidade despertada em saber em
qual bicho o personagem principal tinha se transformado, o que não consegui
desvendar com a leitura do livro, pois o escritor descreve algumas
características (cheio de perninhas,
carapaça e pontinhos brancos por todo o corpo.), mas não diz em que
bicho Gregor Samsa se transformou. Fiquei na dúvida mas entre barata e besouro,
a minha percepção foi a de que ele se transformou em um enorme besouro.
O livro conta a história de Gregor Samsa
que é um caxeiro viajante, odeia o emprego
devido o trabalho ser extenuante e não lhe permitir a ter hábitos de
vida saudáveis, come sempre fora de hora, e suas relações sociais são sempre
superficiais, pois vive viajando. É o provedor da família, os seus pais e sua
irmã são sustentados por ele, o seu trabalho era feito por obrigação, pois a sua família tinha uma dívida com o seu patrão, e
Gregor se via obrigado a trabalhar para quitar essa dívida.
O que era para ser mais um dia comum
de trabalho para Gregor este dorme e acorda transformado, metamorfoseado em uma
espécie de inseto besouro ou uma barata e luta para se levantar da cama,
pois já estava atrasado. Fato que chama a atenção de todos, da família,
inclusive do gerente da firma, este foi até a sua casa para reclamar a sua
ausência, ao constatar o real motivo sai
correndo assustado, sem ouvir as explicações. Após a sua metamorfose Gregor
Samsa passou a ser cuidado pela irmã Grete e foi excluído pela sua família,
pois este ficava escondido, trancafiado dentro do quarto, se alimentando de
restos de alimentos estragados, emitindo ruídos, impossibilitado de se
comunicar, zigue-zagueando pelo quarto. A nova condição de Gregor provocou
transformações na sua família e em sua casa, pois a sua família teve que sair
da zona de acomodação. Tiveram que ir trabalhar, os pais e a irmã para prover o
próprio sustento. Também para ganhar um dinheiro a mais, transformaram a casa
em uma espécie de hotel, pois passaram a abrigar hóspedes, situação que colocou
a família à margem, restringindo-a de frequentar alguns ambientes da casa, como
a sala de estar, lugar onde se realizava os rituais familiares, que o Gregor
dada a sua condição passou a participar de longe, o seu quarto ficava com a
porta entreaberta para que pudesse ver a família almoçar e jantar. Agora isso
fora tirado da família e de Gregor. O ápice da trama acontece com a aparição de
Gregor atraído pela música, que a irmã estava tocando no violino com o intuito
de distrair os inquilinos, causando grande susto a estes e a sua família. Os
inquilinos se revoltaram e não quiseram pagar a conta da hospedagem, e ainda
ameaçaram de processar a família. Nesse momento, o pai retoma a posse da casa,
expulsa Gregor para dentro do quarto, a irmã desabafa que: “não dava mais”, “- Não
quero pronunciar o nome do meu irmão diante desse monstro e por isso digo
apenas o seguinte: temos que procurar um jeito de nos livrar dele”. Gregor
morre de inanição e a família se muda para outro apartamento.
O
que mais me chamou a atenção na leitura do livro é a forma como o escritor
narra o fato, nos levando a acreditar na possibilidade de um ser humano poder
se transformar em um inseto, ou seja, não vemos com absurdo essa metamorfose.
Pois mesmo Gregor possuindo todas as características de um inseto é preservado
a sua consciência humana. Tanto que o fato de ter se transformado em um inseto
inicialmente não o incomoda, ele está mais preocupado com o seu atraso e o medo
de perder o emprego.
O
processo de metamorfose de Gregor pode ser percebido como um forte aspecto
libertador (em relação ao emprego, sobretudo) que o aprisionava. A sua família,
saiu da zona de acomodação. Pode ser que Gregor não desejou de verdade se libertar
do emprego e da família, mas as condições em que ele se encontrava obrigava uma
mudança, pois este não poderia mais carregar todas as responsabilidades em suas
costas a ponto de esquecer de que era um ser humano dotado de sentimentos e
emoções e não um bicho. Ironia, pois o que se deu foi o contrário, foi
necessário se transformar em um inseto para que as coisas mudassem.
A
estória de Gregor Samsa trouxe ao pensamento o fato de que nós seres humanos
estamos passíveis de um dia de repente a nossa vida passar por uma metamorfose
nos levando metaforicamente a nos transformar em um inseto a exemplo do que
aconteceu com Gregor, e nos tornarmos seres inúteis, por não poder mais
trabalhar e nos tornarmos dependentes das pessoas de nossa convivência. Provavelmente
essa situação causará a aflição de não sabermos como lidar com as nossas
limitações, principalmente, se as pessoas que nos cercam estão, de fato
preparadas para junto conosco enfrentar a nossa inutilidade. Diante disso, nos
ocorre a seguinte indagação: há um limite para o amor? até que ponto julgamos
amar um ente querido ou as pessoas de nossa convivência, até o limite da sua
utilidade? De fato amamos verdadeiramente uma pessoa pelo valor que ela tem ou
pelo que pode nos oferecer?
Penso também na velhice como uma fase de
grande dependência do indivíduo, fase que carece de muitos cuidados e
disponibilidade daqueles que estão a nossa volta. Até que ponto o amor das
pessoas de nossa convivência é capaz de suportar a nossa inutilidade? É uma
incerteza que temos, um dia a nossa inutilidade chega, mas o nosso valor como
pessoa fica. E que tenhamos a sorte de quando chegarmos nessa fase de vida
fiquem aqueles que nos amam de verdade, pois só quem ama consegue suportar a
nossa inutilidade sem sentir o desejo de nos abandonar.
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